O copo meio cheio
Effy_Edwards
Esta semana foi engraçada, um misto de altos e baixos. Começou com a visita de uma amiga estrangeira que não via há quase 5 anos. As energias que ela me trouxe foram incriveis. A sensação de estar no topo do mundo, de ter um mar de possibilidades pela minha frente. Na memórias dela eu era uma pessoa completamente diferente do que sou agora. Na verdade ainda sou essa pessoa, mas perdi-me no meio das responsabilidades, dos problemas monetários e de tudo que achava que deveria fazer. Foi bom acordar essa Effy adormecida, foi bom voltar a ter energia sem ter fim, o que me levou a escrever sobre as pessoas e as suas energias. No meio da reflexão perguntei-me se estaria no lugar certo, se é normal sentir um cansaço diário, uma dormência mental, e de um momento para o outro, graças a uma simples pessoa, ser eu outra vez. Será que estou à volta das pessoas certas? Será que as pessoas me sugam as energias porque querem tanto que eu seja algo que eu não sou?
Nisso, a meio da semana começou outra reflexão, depois do stress do trabalho e uma chapada de realidade. Posso-vos dizer que esta semana foi tão intensa que nem tempo tive para almoçar, no meio de problemas e reuniões. Nisso tudo começou a minha segunda reflexão, o que é que esta Effy tem que a outra não tem, ou o que a outra Effy tem que esta não tem.
Antes de tudo a outra Effy tinha menos 5 anos. Era jovem, lutadora, e foi sozinha para um país novo e fez amizades com pessoas desconhecidas. Ela tinha a liberdade de ser quem quisesse. Não estava presa ao preconceito das pessoas que a conheciam há anos, nem as expectativas dos pais, dos amigos ou do namorado. Ela podia ser quem quisesse, porque nunca teria que se importar com o choque das duas realidades. Só aí já temos uma vantagem. A ausência de toda a interferência do mundo exterior. Um mundo só dela, em que ela podia ser quem quisesse e podia simplesmente gerir tudo como queria. Essa Effy voltou para Portugal, e cresceu muito. Concluiu os estudos e começou a trabalhar. Ganhou novos objectivos. Essa Effy passou por um burnout, um acidente de carro (não grave) que lhe aumentou os niveis de ansiedade e problemas monetários. Essa Effy nunca será a mesma Effy de há 5 anos atrás. Mas o que cheguei à conclusão é que não é uma coisa má. Na realidade é uma coisa boa. A Effy de hoje tem ferramentas que eu nunca teria antes. Tem mais motivos para lutar, objectivos diferentes. A Effy de hoje só se esqueceu de como deveria fazer. Esqueceu-se da disciplina que tinha antes e de quanto teve que lutar para chegar onde deveria. E o mais importante de tudo é que essa Effy nunca mas nunca sentiu frustração nem inveja. Essa Effy sabia que tinha que lutar mais que os outros, sabia que tinha que trabalhar aos fim de semanas, que tinha que dar mais que os outros, mas nunca se sentiu menos por isso. Algo que a Effy atual se esqueceu. Não é que sentisse inveja, mas sentia rancor, frustração. Comecei a ver o copo meio vazio, comecei a perguntar-me o que eu fiz para merecer isso, o que eu tenho menos que os outros. Porque é que eu lutei tanto e nunca alcancei nada. E, na realidade esqueci-me de olhar à minha volta. Esqueci-me de reparar o quanto eu alcancei e o quanto ainda tenho para conquistar. E principalmente o quanto eu tenho de agradecer.
E assim, voltei a ver o copo meio cheio.