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Mar de devaneios

Perdida no oceano de pensamentos, encontrei-me a mim e o que queria ser.

Perdida no oceano de pensamentos, encontrei-me a mim e o que queria ser.

28
Dez22

Coabitar


Effy_Edwards

Escrevo para não entrar em ebolição. Escrevo para desanuviar. Adoro a minha mãe e reconheço tudo que fez e faz por mim, mas não ando aguentar. 

Tenho estado de férias, e por isso tenho passado mais tempo com a minha mãe.  E tem sido dificil. Tenho que parar muitas vezes mentalmente e respirar fundo. Tudo me enerva. A forma como ela se chateia comigo por dizer "cuidado" porque parecia que um carro nos ia bater, a forma como pede "se não te custar muito podes (...)?". Fala alta no cinema, comenta os filmes, chateia-se com todos os carros a conduzir (buzina, dá sinais de luzes). Coisas que achava piada quando era mais pequena agora só me irritam. Não nos entendemos com as lidas da casa. Para ela faço tudo mal e mais valia estar quieta. 

Há coisas que somos completamente diferentes, outras que me revejo cada vez mais nela. Contudo, começo a entender que o tipo de relação que ela quer ter comigo não faz sentido. Ela espera de mim às vezes uma amiga e eu não lhe consigo dar isso da mesma forma, e faz-me sentir mal. Agradeço a abertura que sempre teve comigo, e a forma como me sempre me explicou e fez ver o mundo. Mas não é justo que espere o mesmo que uma amizade. Eu reservo tempo com ela, para irmos ao cinema, jantar, almoçar, entre outros. Mas dói-me na alma quando ela me diz  que não lhe dedico tempo. Faz-me sentir mal e como se não tivesse a cumprir o meu papel. 

Não tenho um dedo apontar em relação a muitos outros assuntos. Mas estas pequenas coisas tiram-me do sério. E fico a reflectir. Será que me vai acontecer isso quando viver com o meu namorado? É possivel cansar de viver com alguém? Ou é algo completamente diferente? 

É nestes momentos que os meus objectivos se atropelam todos e o objectivo de "sair de casa" acelera a fundo e atropela tudo e todos. 

05
Out22

Será a frustração o novo síndrome do jovem do século XXI?


Effy_Edwards

Já perdi a conta de quantos textos iniciei e deixei a meio. Já perdi a conta de quantos rascunhos tinha no meu bloco de notas, e de quantas vezes pensei em pedir ajuda. Já perdi a conta de quantas vezes comecei a falar e disse "sei que é estupidez da minha cabeça". Já perdi a conta de quantas vezes me disseram "Não podes pensar assim". Já perdi a conta de quantas vezes sucumbi ao vicio do tabaco e fumei "mais um", sendo que já não sou fumadora activa. Já perdi as vezes que comecei a rir e desatei a chorar, num misto de emoções. Honestamente, sinto-me a descarrilar. E o problema é que me está a empactar no trabalho, onde eu tinha e tenho mais brio e orgulho. A ideia que eu tenho é que a Effy que as pessoas vêem no trabalho é uma Effy acelerada, desorganizada, faminta para fazer tudo e mais alguma coisa, que acaba por ser perder no meio de tanta coisa. Basicamente não consigo ter calma. Não consigo parar e ponderar, porque se o fizer os pensamentos consomem-me. 

É um misto de vergonha, de orgulho ferido e de tudo e mais alguma coisa. Sinto-me uma barata tonta, uma traça à procura de luz que se esbarra contra a janela, vezes e vezes sem conta. Só me sinto bem quando não estou cá mentalmente, ou seja, estou embriagada por alguma coisa, trabalho, álcool, amor, amigos ou séries. Quando estou sozinha com o meu cérebro as coisas descarrilam. É algo tão forte que me consome por dentro, aos poucos. Se me perguntarem-me o que eu sinto, acho que eu nem própria entendo, é uma tremenda ansiedade e frustração. É a sensação de chegar ao fim do arco-íris e não encontrar o pote de ouro, é a sensação de sentir que os teus planos de vida falharam e que não sabes, nem consegues formular novos, porque só há um arco-íris. E agora? Vive-se sem plano? Espera-se até ser possivel? E será que vai ser possível? Quando é que vai acontecer? 

Há dias que tento lutar contra isso, outros que simplesmente aceito e fico prostrada a ver séries sem pensar em mais nada. Há dias que parecem que vão ser horriveis e entre o trabalho e as reuniões as coisas melhoram. 

E o pior de tudo, é que não vejo saída deste labirinto infernal. O dinheiro não chega para sair de casa, a vida amorosa e o trabalho não permitem ir viver para outro país e eu não consigo me conformar com a situação. Mas depois lá vem a vergonha a berrar na minha cabeça : " Há pessoas tão piores que tu, devias ter vergonha". E assim têm sido os meus dias. 

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