Será a frustração o novo síndrome do jovem do século XXI?
Effy_Edwards
Já perdi a conta de quantos textos iniciei e deixei a meio. Já perdi a conta de quantos rascunhos tinha no meu bloco de notas, e de quantas vezes pensei em pedir ajuda. Já perdi a conta de quantas vezes comecei a falar e disse "sei que é estupidez da minha cabeça". Já perdi a conta de quantas vezes me disseram "Não podes pensar assim". Já perdi a conta de quantas vezes sucumbi ao vicio do tabaco e fumei "mais um", sendo que já não sou fumadora activa. Já perdi as vezes que comecei a rir e desatei a chorar, num misto de emoções. Honestamente, sinto-me a descarrilar. E o problema é que me está a empactar no trabalho, onde eu tinha e tenho mais brio e orgulho. A ideia que eu tenho é que a Effy que as pessoas vêem no trabalho é uma Effy acelerada, desorganizada, faminta para fazer tudo e mais alguma coisa, que acaba por ser perder no meio de tanta coisa. Basicamente não consigo ter calma. Não consigo parar e ponderar, porque se o fizer os pensamentos consomem-me.
É um misto de vergonha, de orgulho ferido e de tudo e mais alguma coisa. Sinto-me uma barata tonta, uma traça à procura de luz que se esbarra contra a janela, vezes e vezes sem conta. Só me sinto bem quando não estou cá mentalmente, ou seja, estou embriagada por alguma coisa, trabalho, álcool, amor, amigos ou séries. Quando estou sozinha com o meu cérebro as coisas descarrilam. É algo tão forte que me consome por dentro, aos poucos. Se me perguntarem-me o que eu sinto, acho que eu nem própria entendo, é uma tremenda ansiedade e frustração. É a sensação de chegar ao fim do arco-íris e não encontrar o pote de ouro, é a sensação de sentir que os teus planos de vida falharam e que não sabes, nem consegues formular novos, porque só há um arco-íris. E agora? Vive-se sem plano? Espera-se até ser possivel? E será que vai ser possível? Quando é que vai acontecer?
Há dias que tento lutar contra isso, outros que simplesmente aceito e fico prostrada a ver séries sem pensar em mais nada. Há dias que parecem que vão ser horriveis e entre o trabalho e as reuniões as coisas melhoram.
E o pior de tudo, é que não vejo saída deste labirinto infernal. O dinheiro não chega para sair de casa, a vida amorosa e o trabalho não permitem ir viver para outro país e eu não consigo me conformar com a situação. Mas depois lá vem a vergonha a berrar na minha cabeça : " Há pessoas tão piores que tu, devias ter vergonha". E assim têm sido os meus dias.