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Mar de devaneios

Perdida no oceano de pensamentos, encontrei-me a mim e o que queria ser.

Perdida no oceano de pensamentos, encontrei-me a mim e o que queria ser.

24
Jul22

Aqui estou eu


Effy_Edwards

Dei por mim revoltada, cansada, desanimada. Apesar da estabilidade, o meu nivel de ansiedade disparou. Ansiedade por estar parada, ansiedade por não estar a fazer mais, ansiedade por estar a gastar dinheiro quando deveria estar a poupar, ansiedade por não saber para onde vou, ansiedade por querer estar noutro lugar. Outrora gastar dinheiro era um presente para mim. "Mereces este jantar", "Mereces estas calças", "Mereces esta bebida". Era para compensar todo o tempo que me era consumido pelo trabalho. Agora o meu cerebro julga-me, a minha cabeça trabalha sem eu querer e questiona-me várias vezes o que eu estou a fazer. 

Além disso, cada vez mais percebo que o tempo é uma construção. Eu antes acordava as 6h da manhã, ia para o meu primeiro emprego, as 19h ia para o meu segundo emprego e chegava às vezes à meia noite e repetia isso, dias e dias, sem fim de semanas. Contudo, às vezes o meu cérebro acha que era mais concretizada que sou agora. Sei que não passa de uma ilusão pois passava pouco tempos com os meus pensamentos. Nos transportes via séries, no trabalho trabalhava sem parar e no ginásio ouvia música aos berros. 

O trabalho era o meu refúgio. E agora aqui estou eu, com um trabalho saudável, que me deixa pensar e reflectir, e eu dei conta que não sei quem sou. Ironia, estupidez. Tenho o que sonhei, e mesmo assim não me parece suficiente. Dei conta agora que me esqueci que isto era o meu sonho, nem há dois anos atrás. Contudo, aqui estou eu.  

Dei conta que estou revoltada e triste com esta sociedade. Contudo sem soluções imediatas. Mas eu não quero ser essa pessoa. Não quero ser a pessoa que está sempre a reclamar sem fazer nada. Quero sonhar e acreditar.  

Por isso hoje decidi que vou colocar as mãos à obra e mudar a minha mentalidade. Tenho tanta coisa negra aqui no meu cerebro. Antes tudo era um mar de possibilidades, agora tudo é um mar de problemas. Não pode ser. 

Como o vou fazer? Não faço ideia. Mas aqui estou eu, uma vez mais, a tentar mudar a minha vida. 

 

18
Jul22

O cancro da minha geração


Effy_Edwards

Desculpem-me a expressão, mas sinto que o dinheiro é o cancro da minha geração. Neste caso a falta dele. Com vinte anos achava que não me ia influenciar, olhava para a vida de uma forma diferente, com objetivos diferentes. Não me importava ter casa própria mas ao mesmo tempo achava que não ia estar em casa dos meus pais e a pensar diariamente em dinheiro. Mas aqui estou, quase seis anos depois a fazer exatamente o que eu nunca tinha mente: pensar em dinheiro.  Pensar em dinheiro para sair de casa, fazer as contas 1000 vezes e desistir porque a folga é pequena. Voltar a pensar e a pensar, até perder o foco da minha vida. Passar horas obcecada a ver casas, mas chegar à conclusão que não vale a pena, porque arrendar é "deitar dinheiro fora", e comprar é para já impossivel. 

Fiz tudo ao meu alcance, trabalhei enquanto estudava, fiz estágios, erasmus, licenciatura, mestrado e trabalho numa empresa que gosto. Mas simplesmente não chega. É horrivel. E sei que não estou sozinha, sei que é a minha sensação e a da maioria dos jovens de Portugal inteiro. 

Já tive dois empregos, e o que aconteceu? Pagar uma pipa de IRS e não ter tempo livre para mim. Se vale a pena? Fico na dúvida.Há dias que me apetece trabalhar até a exaustão, correr na passadeira até desmaiar. Ando cansada disto. 

Discussões de namoro porque não se concorda em arrendar, mas quer-se viver junto. Discussões com os pais porque falta dinheiro em casa. Discussões por causa do dinheiro, mesmo nos momentos mais felizes. Discussões porque se comprou a carne mais cara em vez da mais barata, porque acabou a fruta em casa ou porque se pagou uma conta em vez da outra. Discussões por frustração, cansaço e sonhos estilhaçados. 

Estou simplesmente cansada deste assunto chamado dinheiro que destrói vidas, amizades, amores e familias. 

17
Jul22

Ciúmes e as suas variantes


Effy_Edwards

Sempre me perguntei qual é a quantidade aceitável de ciúmes. Contudo, sempre vi ciúmes como sinónimo de obsessão, pose e todas as palavras que sempre identifiquei como uma bandeira vermelha numa relação. Até que me aconteceu a mim. 

Em plena luz do dia, quando dizia com orgulho que não era ciumenta, fiquei com medo de o perder. Acho que é a melhor palavra para descrever a sensação: medo de o perder.  Não é a questão do toque, não é a questão da pessoa, é sentir que naquele momento a atenção não está em mim. É sentir que naquele momento, a pessoa que eu tenho sempre em consideração, se esqueceu de mim. É sentir que eu não existo, quando estou ali. Ou seja, bem que engoli as minhas palavras e tive que respirar fundo. É irracional, não é verbalizado, mas é uma sensação que incomoda até os mais fortes. Fiquei para trás, sozinha, perdida em pensamentos, no meio do "devia aceitar" ou "devia explodir". Opto sempre pelo primeiro. Opto sempre por aceitar e afastar-me, nem que seja por breves instantes. Mas depois lá ficam os meus neurónios a chatearem-me. A questionar até que ponto é normal sentir-me assim. Até que ponto é normal eu ficar chateda por uma amiga dar o braço ao meu namorado, quando eu não o faço. Somos adultos, não somos crianças, certo?

Isso é outro factor. Sou e sempre serei uma pessoa que seleciona os seus afectos. Dar abraços sempre foi estranho, e de certa forma ainda o é, menos a ele. Valorizo demasiado o contacto fisico. Mas para ele, na realidade nunca percebi qual é a abordagem. É tudo um questão de percepções e de sensações. 

A conclusão que eu adquiro destes momentos é que me incomoda, severamente. Mas não tenho coragem, nem acho que faça sentido verbalizar. Por isso aqui fico, a processar, a escrever e a entender qual é o tipo de variante que me afecta desta doença que afecta todos os apaixonados, chamada "ciúmes". 

07
Jul22

Comboio de pensamentos


Effy_Edwards

Há uns meses deixei os meus dedos fluir numa viagem de comboio, no bloco de notas do telemóvel. Deixo aqui um excerto: 

Se toda a gente olhasse para o mundo desta forma. Se nao houvesse ganância, inveja, miséria. A propria vida ja prega tantas partidas. Já separa tanta gente por causa das horas erradas.
Mais um dia, rotina igual, trabalho diferente. Apesar de tudo, todos os dias são diferentes. Pessoas diferentes no comboio, roupa diferente e uma nova oportunidade. A vida deixou de ter objectivos tão lineares. Ter uma casa, ter um carro passaram a ser menos alcançáveis do que ter 20 num exame.
É esta a geração dos jovens dos 20 anos. Perdidos entrer o querer e o dever, perdidos entre viver a vida e ajudar os que ficaram para trás. Geração rasca? Geração da felicidade? Está tudo tão misturado. Está tudo tao complexo.
Um pessoa pega no telemóvel e tudo é tão contraditório. Trabalha dois empregos, aprende novas linguas, despede-te, faz um negócio, elimina as pessoas tóxicas da tua vida. Mas se no meio disso tudo ficares doente mentalmente desiste de tudo e foge da realidade. Ou entao aguenta e tem força mental para aguentar tudo. Até que ponto? Qual é o limite do máximo?
- Qual é o limite do máximo? - questionou sentada na sofá de pele.
- É aquele que definir para si. - explicou a psicóloga olhando para ela
Revirou os olhos.
"O que eu gosto em ti é que és forte" dissera-lhe a mãe de manhã.
Forte? Chorava quando estava sob stress, ia para a casa de banho metia a cabeça para baixo e chorava que nem uma criança. Forte? Tinha 25 anos e vivia em casa dos pais, nao cuidava de nada. Forte? Aguentou ter dois trabalhos, e um trabalho enquanto estudava. Mas é mesmo isso ser forte? E o impacto negativo que isso teve na sua vida? As dores nas pernas, as espinhas do stress. Suspirou.
-Leonor, tem que me dizer o que acha para eu conseguir ajudar. Esteve calada a maior parte do tempo.
Ela olhou para a psicologa e pressionou o peito, que estava tão vermelho de ser esfregado.
- Não sei doutora. Acho que a forma como as pessoas me vêm não corresponde à forma que me vejo a mim. - olhou para baixo - preocupei-me tanto em ser amada por todos que me perdi no queria ser. Ser boa aluna? Feito. Ajudar os pais nas dificuldades financeiras? Feito. Aproveitar a vida como uma jovem de 20 anos? Feito. Estar sempre presente apesar de às vezes estar a morrer por dentro? Feito. Depois olho para trás e pergunto, sou mesmo essa pessoa? Ou sou o resultado de vários desejos de pessoas diferentes? - parou e olhou para a perna a tremer. - Adoro ter pessoas à minha volta. Adoro sentir que sou amada. Adoro estar em festas com pessoas que me dão atenção. Adoro isso. Tenho muitos amigos, e tento a todos dar atenção, mas depois perco-me. Na minha relação enquanto filha. Na minha relação enquanto namorada. Mas isso é outro problema. Há casais que estao sempre juntos. É suposto ser a assim doutora? É suposto só olhar para aquela pessoa? Ou é normal achar outras pessoas atraentes à nossa volta? Porque eu acho, e acho normal. Mas a sociedade é tão opressiva. Só deves olhar para o teu parceiro. Eu acho tão mais complexo a ideia de pensar que ele olha para outras pessoas, melhores que tu, mas todos os dias  te escolhe a ti e tu a ele. Isso é tao mais bonito que meter palas nos olhos. Porque a realidade é que vai haver pessoas mais bonitas, pessoas que irão dar mais atenção, que vais passar mais tempo e no fundo até vai haver pessoas em que o teu corpo e o delas são um match a nivel biológico. Mas isso significa que as vais escolher? Não. Metes o teu coração e a tua vontade em conflito. Tu desejas aquela pessoa, sentes a tenção no ar, sentes todo aquele ambiente à tua volta, mas o teu coração chama-te atenção. É so instinto, pensas. É só uma atração aleatória. E escolhes o teu parceiro repetidamente todos os dias. Mas isto é tao contraditório certo? O que nos ensinam nas series? Nos filmes? Só temos que ter olhos para o nosso parceiro. Se olharmos para outros é porque temos que acabar e ser solteiros. Mas porquê? E quem será que está certo? Eu? Eles? É tudo tão complexo. É tudo tão agitado. Às vezes só me apetecia fugir. Começar do zero. Dizer a todo o mundo que já não me chamava Leonor e ser outra pessoa. É esgotante e tenho tanto medo de cometer erros. A decisão de ir ao café em vez de ir ao ginásio pode alterar tudo. Um simples atraso, uma simples roupa. Tudo isso pode alterar a minha vida para pior ou para melhor e condiconar-me para sempre. Isso nao é stressante? Como vivemos com isso? Como aguentamos a pressão e a indecisão doutora?
Como aguentamos tudo que esperam para nós e no fim não é quem queremos ser. Quem queremos ser na realidade?

07
Jul22

Bom filho a casa torna


Effy_Edwards

É curioso como a escrita me encontra sempre que estou nos piores momentos. 

Esta semana foi terrivel, fiquei doente e fiquei enfiada dentro de casa, tendo que cancelar jantares e convivios. Adoro conviver com pessoas, adoro sair e é algo que me custa abdicar, principalmente no Verão. Apesar de o meu neurónio tio patinhas estar a bater palmas de felicidade por ter ficado em casa em vez de gastar dinheiro. 

Foi nestes 4 dias que fiquei em casa que comecei atrofiar. As horas não passavam, os dias foram compridos, sem cor. Mas toda essa sensação trouxe-me aqui. Depois de oito meses, estou de volta, no mesmo dia exatamente. 

Ainda dizem que coincidências não existem? 

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